Pura, sincera, desinteressada. A amizade humana não nasceu assim. Mas um improviso do cérebro mudou tudo: criou um novo tipo de relação, que revolucionou a convivência entre as pessoas - e fez a humanidade ser o que é hoje.
por Camilla Costa e Bruno Garattoni
Tudo começou por puro interesse. Quando os primeiros macacos se tornaram amigos, fizeram isso por motivos bem objetivos - ajudar uns aos outros em lutas contra rivais, no caso dos machos, e cuidar melhor dos filhotes, no caso das fêmeas. A amizade não passava de uma troca de favores. Agora pense nos dias de hoje: com você e os seus amigos, não é assim. Você tem amigos simplesmente porque gosta de estar na companhia deles, certo? Errado. Você continua fazendo amizades por puro interesse - no caso, alimentar o seu cérebro com uma substância chamada ocitocina.
Experiências feitas na Universidade da Califórnia comprovaram que, quando você conhece uma pessoa que lhe pareça confiável, o nível de ocitocina no seu cérebro aumenta. Isso faz com que você se sinta mais propenso a criar uma relação com aquela pessoa. Ou seja: graças à ocitocina, o cérebro aprendeu a transformar algo que era necessário à sobrevivência - a cooperação - em prazer.
Ter amigos só traz benefícios. Quanto mais, melhor. Mas há um limite. Um estudo feito na Universidade de Oxford comparou o tamanho do cérebro humano, mais precisamente do neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente), com o de outros primatas. Ele cruzou essas informações com dados sobre a organização social de cada uma das espécies ao longo do tempo. E chegou a uma conclusão reveladora: 150 é o máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.
Para que você mantenha uma amizade com alguém, precisa memorizar informações sobre aquela pessoa (desde o nome até detalhes da personalidade dela), que serão acionadas quando vocês interagirem. Por algum motivo, o cérebro não comporta dados sobre mais de 150 pessoas. Os relacionamentos que extrapolam esse número são inevitavelmente mais casuais. Não são amizade. Outros pesquisadores foram além e constataram que, dentro desse grupo de 150, há uma série de círculos concêntricos de amizade: 5, 15, 50 e 150 pessoas, cada um com características diferentes (veja no infográfico).
CÍRCULO FINITO
O cérebro comporta no máximo 150 amigos, divididos em grupos.
Do peito
5 amigos - São os íntimos, com quem você mais fala - e não hesitaria em ligar de madrugada ou pedir dinheiro emprestado. Para Aristóteles, 5 era o número máximo de amigos verdadeiros.
Grupo de empatia
15 amigos - São pessoas bastante importantes para você - se alguma delas morresse amanhã, você ficaria muito triste. Este grupo pode incluir gente do trabalho ou amigos de amigos.
Número típico
50 amigos - É o número de amizades mantidas pela maioria das pessoas, e também o tamanho médio dos agrupamentos humanos primitivos (como bandos de caça).
Limite
150 amigos - Máximo que o cérebro consegue administrar ao mesmo tempo. São as pessoas cujos nomes, rostos e características você consegue memorizar e acionar caso seja necessário.
Achado em http://super.abril.com.br/cotidiano/fazemos-amigos-619642.shtml
Bjks, Bina
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